segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Diretor de planetário orienta como utilizá-los


Planetários são ótimos recursos para ensinar e aprender conceitos científicos sobre os astros, seus movimentos, natureza e 'Astronomia de Posição'

“Um planetário, com sua capacidade de projetar um céu virtual em sua cúpula, podendo fazer com que o público sinta-se contemplando e viajando sob um magnífico céu estrelado, é capaz de propiciar uma experiência única e encantadora, na qual a beleza do céu e das imagens astronômicas, somada a outros efeitos sonoros e visuais, pode ser usada para, ao mesmo tempo, transmitir conhecimento e produzir encantamento”. As explicações são do professor Sérgio Bisch, do Departamento de Física da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e atual diretor técnico-científico do Planetário de Vitória. Sérgio estará em Campo Grande (MS), em outubro, para participar do 10º Encontro Regional do Ensino de Astronomia (X EREA), em que vai ministrar a palestra O Papel dos Planetários no Ensino de Astronomia.Segundo Bisch, os planetários, de uma maneira geral, têm uma dupla função: a primeira é ensinar astronomia e ciências correlatas e, a segunda, é motivar estudantes, professores e o público em geral, para o ensino e a aprendizagem desta modalidade e da ciência de um modo geral. “É um ótimo recurso para ensinar conceitos científicos sobre os astros, seus movimentos e natureza e, em especial sobre uma parte da Astronomia denominada ‘Astronomia de Posição’, que estuda e descreve o chamado movimento aparente dos astros, ou seja, que eles apresentam quando observados a partir da Terra, pois um planetário permite simular o céu e os movimentos dos astros como são vistos de qualquer ponto da superfície da Terra, em qualquer tempo, presente, passado ou futuro. Por essas duas razões principais - o ensino, e a motivação para o ensino e a aprendizagem - um planetário se constitui num recurso extremamente útil e eficaz para educação da astronomia”, explica.Em sua experiência como diretor do planetário de Vitória, ele afirma que o público atendido na categoria turmas de escolas é bem maior que na do público em geral, como acredita que deve ser na maioria. Observa que, nas escolas que visitam o planetário, sobretudo as que costumam fazer isso de maneira mais sistemática, a inserção efetiva e motivação para abordagem de conteúdos de astronomia que, de outra forma, seriam superficialmente apresentados, ou talvez sequer fossem trabalhados com os estudantes, passa a ser bem maior. “Já houve pelo menos um caso em que, graças à assessoria do recinto, a astronomia foi tomada como eixo temático para o desenvolvimento de um projeto pedagógico na área de ciências na escola, o que é perfeitamente possível e apropriado, dada a grande interdisciplinaridade nela presente.”Com relação às escolas públicas, o professor considera que a maior deficiência encontrada hoje no ensino de ciências é a carência de infraestrutura adequada, seja material, como a falta de instalações físicas adequadas, laboratórios e equipamentos para o ensino científico, como de recursos humanos, pois a formação de grande parte dos professores das escolas públicas ainda é bastante deficiente. “Em geral, o ensino de ciências ainda é muito livresco, sendo o livro didático a grande referência utilizada pelo professor para o seu trabalho. É justamente neste ponto que os planetários, enquanto instituições, podem dar, acredito eu, sua maior contribuição para a melhoria da qualidade do ensino científico em nosso país: sendo referências às quais as escolas e professores possam recorrer para aprimorar tanto as atividades de ensino, como a própria formação dos professores na área da astronomia e disciplinas correlatas”.Bisch acha essencial o papel que pode ser desempenhado pelas universidades. Cita o caso da UEMS, que possui um planetário móvel no campus de Dourados, o único de Mato Grosso do Sul. “Não tenho a menor dúvida de que esta região, por mais carente de recursos que seja, se contar com uma mobilização dos recursos humanos da universidade (professores e/ou estudantes), numa chamada atividade de extensão, orientando e promovendo o trabalho junto à comunidade, certamente isto constituirá um fantástico incentivo para que professores e alunos da região ensinem e estudem, mais e melhor, astronomia. Sendo as universidades as grandes referências que temos em nosso país em termos de conhecimento, sua participação no esforço em prol da melhoria da Educação Básica é primordial”.


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