quarta-feira, 7 de julho de 2010

Os mistérios das Lagoas do Sul

Vista lagoa dos Barros

Ainda não é possível dizer que temos um Lago Ness no Brasil, mas as lagoas do litoral do Rio Grande do Sul estão repletas de histórias de fantasmas, aparições e sons inexplicáveis.
Houve uma época em que dificilmente alguém passava perto da Lagoa dos Barros, no litoral norte do Rio Grande do Sul, sem ouvir comentários sobre o monstro da lagoa, ou moradores locais se referirem a ela como a lagoa encantada. As histórias talvez fossem exageradas, para assustar ou deslumbrar as crianças, mas a verdade é que nenhum pescador se aventurava até o centro da lagoa com medo de jamais retornar vivo.
A pequena estrada que serpenteava pela margem dos inúmeros lagos existentes na região, ligando Porto Alegre a Osório e ao litoral, criava um clima ideal para que histórias semelhantes nascessem e florescessem, e o aspecto desolado do local não era menos propício, com poucas casas de pescadores, uma vegetação rasteira e ventos soprando sem parar. A construção da Freeway — a grande estrada que facilitou a viagem dos veranistas e que faz parte da BR 101, estendendo-se por todo o litoral brasileiro — aproximou os viajantes ainda mais da lagoa, mas também significou o fim das lendas, espantando tanto os monstros e fantasmas quanto a esparsa população local.
Hoje, a região dos lagos é um ponto turístico bastante procurado, com excelentes passeios de barco, uma vez que todas as lagoas estão interligadas. Partindo das proximidades da cidade de Osório até a lagoa Itapeva, já quase em Santa Catarina, a orla marítima do Rio Grande do Sul está interligada por uma rede de lagoas com cerca de 140 quilômetros de extensão, através de canais mais ou menos extensos e navegáveis. Mas as lendas, ou histórias verídicas, como querem os habitantes locais, têm o estranho costume de persistir, apesar do progresso.
O monstro que se acreditava existir na Lagoa dos Barros nunca foi visto, isso é verdade — aliás, pesquisadores disseram que seria muito improvável alguma criatura de grandes proporções existir no local pois, ao contrário do Lago Ness, na Escócia, famoso pelas histórias sobre o monstro Nelly (que já foi até `fotografado'), as lagoas da região são pouco profundas — mas os pesquisadores entendem que as histórias podem ter sua origem nos ventos que assolam a região, em algumas ocasiões fortes o bastante para virar embarcações de porte. Quem já passou pela estrada que margeia as águas deve ter tido uma boa idéia do que o vento é capaz de fazer com um carro. Segundo dizem, as correntes de ar formam um redemoinho no centro da Lagoa dos Barros e a navegação tem de ser feita com muito cuidado. É fato conhecido que, em 1947, um acidente na Lagoa da Pinguela, matou 18 pessoas quando o rebocador Bento Gonçalves — com 15 metros de comprimento e 12 toneladas — naufragou devido aos ventos fortes. Existem até relatos de um rolo de água que se elevaria no centro da lagoa, atingindo altura considerável e fazendo muito barulho — daí o monstro.
Cidade Submersa
Para a folclorista Salma Souza, a raiz de todas as histórias macabras sobre a região está num famoso assassinato que movimentou Porto Alegre em 1940, quando o noivo da jovem Maria Luiza matou-a e jogou seu corpo na lagoa amarrado a uma pedra. Os moradores da região afirmam que, pouco depois, foram encontradas pérolas no local. A pesquisadora diz que aquele era um lugar de descanso para carretas que iam a Porto Alegre, e que as histórias devem ter surgido no meio dos caminhoneiros, espalhando-se lentamente pela região, acrescidas de detalhes macabros e fantasmagóricos.
No entanto, os relatos sobre fantasmas e criaturas estranhas vêm de um tempo bem anterior. Sabe-se que a região já estava ocupada antes de 1773, pois era um ponto estratégico para se proteger as fronteiras da província e para criar gado. Contos fantásticos, de data e origem desconhecida, falam sobre ninfas deslizando pelas lagoas, montadas em corcéis brancos carregados pelo vento. Outra lenda bem persistente, segundo o historiador Guido Muri, refere-se à suposta existência de uma cidade submersa no centro da Lagoa dos Barros. Em tempos de estiagem seria possível ver o topo dos prédios mais altos e, em algumas ocasiões, ouvir o sino da igreja tocando. Não se tem qualquer notícia da existência de uma cidade do gênero nas proximidades, quanto mais em meio às águas. Sabe-se que as lagoas foram formadas há cerca de 5 mil anos, de modo que qualquer construção dentro da lagoa teria de ser anterior a essa época.
Os cientistas não vêem qualquer motivo para tantas histórias, mas os pescadores da região não concordam. Alguns dos relatos mais estranhos — e que certamente nada têm a ver com crimes do passado —, referem-se ao comportamento das embarcações que tentam atravessar a lagoa. Proprietários de barcos, acostumados com os ventos e as dificuldades de cruzar o local, dizem que é possível navegar com certa facilidade até certo ponto, quando os motores param de funcionar, e só podem ser acionados de novo perto da margem. Muitos associam isso ao que acontece com o motor dos automóveis durante a aparição de OVNIs, ainda que não se tenha notícia de qualquer investigação mais profunda nesse sentido. Até onde se sabe, as lendas e mitos são tratados como tais, e simplesmente deixados de lado.
O litoral norte do Rio Grande do Sul, incluindo a região das lagoas, não é conhecido pelos avistamentos de OVNIs. É verdade que, nos anos 60, um OVNI que aterrissou na praia de um dos balneários mais conhecidos do estado, em frente à sede social de um clube. Dezenas de pessoas testemunharam o fato e marcas de queimadura foram encontradas na areia, mas, fora isso, tal fenômeno não costuma acontecer na região. Por outro lado, muitos falam de uma embracação fortemente iluminada que, a altas horas da noite, cruza a Lagoa dos Barros em todos os sentidos.
Fantasmas
Algumas lagoas da região, como a da Pinguela, foram reduto de escravos africanos e seus descendentes, aos quais se atribuem muitas histórias, algumas envolvendo os próprios escravos.
O pesquisador Dante de Laytano referiu-se a um acontecimento na Lagoa Negra, próxima à da Pinguela. Fugindo dos maus tratos do patrão, um escravo escondeu-se numa mata próxima à lagoa e acabou se enforcando numa árvore. Suicídio ou não o fato é que, depois disso, várias testemunhas observaram luzes percorrendo as matas e as águas. Canoas brancas também são vistas navegando em vários sentidos, como se a perseguição ao fugitivo se repetisse eternamente.
As pessoas falam de uma aparição que surge em algumas ocasiões, chorando, gritando ou simplesmente cantando, como se mudasse de humor conforme o dia. É um tipo de acontecimento que, no mínimo, está de acordo com o que pesquisadores já verificaram nas casas assombradas: os espíritos repetem constantemente as ações que levaram a um determinado acontecimento trágico.
A Lagoa da Pinguela também é palco de estranhos acontecimentos relacionados a escravos. Em 1835, quando se iniciava a Revolução Farroupilha, proprietários de terra, temendo perder tudo o que possuíam, mandaram dois escravos esconder seu ouro — mas a canoa em que a fortuna era transportada naufragou. Logo surgiram histórias sobre fantasmas, que podem ser vistos em dias claros deslizando pela lagoa. Os relatos sobre bolas de fogo também eram constantes na região — bolas que se deslocariam sobre a lagoa rumo a uma ilha próxima ao local do naufrágio. As bolas luminosas geralmente estão associadas a um fenômeno conhecido como fogo fátuo, bastante comum no Rio Grande do Sul e diretamente associado à lenda do boitatá. Isso poderia até mesmo explicar a existência das misteriosas luzes, apesar das lagoas não estarem numa região pantanosa, mais propícia para o fogo fátuo.
A Mulher de Branco
Outra história que surge nas lagoas da Pinguela e dos Barros tem ligação com o já citado assassinato de Maria Luiza. Dois moradores da região afirmaram ter encontrado uma mulher de branco à noite, perto da lagoa. Quando foram em sua direção, um vento fortíssimo começou a sacudir as árvores, chegando a arrancar pedaços do solo. De repente, a figura sumiu sem deixar nenhum vestígio. Outra história sobre a mulher de branco surgiu em 1958, quando dois caminhoneiros a viram andando na beira da estrada que margeava a Lagoa dos Barros, à noite. Estranhando encontrar uma mulher sozinha naquela hora — fato ainda mais incomum se levarmos em consideração a época em que ocorreu — eles pararam para investigar, mas a figura desapareceu. As histórias sobre visões da mulher de branco continuam se repetindo até hoje, às vezes assustando muito as pessoas
A Lagoa dos Barros também tem histórias sobre um barco, todo iluminado, que surge do nada nas noites mais escuras, e sobre a estranha aparição de dois misteriosos padres nas margens da lagoa. Essas lendas são bastante conhecidas pelos habitantes da região e visitantes mais assíduos, mas jamais receberam a devida atenção de quem investiga o paranormal. Mesmo que realmente não passem de meras lendas, a pesquisa seria, no mínimo, uma emocionante aventura em um dos lugares mais interessantes do Brasil.
Nota: nossa participação nesta matéria foi apenas a cessão das fotos para a publicação. Apesar de as lendas aqui comentadas serem de conhecimento geral na região, a publicação da matéria nesta página não implica em crença ou apoio. Por outro lado, comentando sobre esta matéria na região, eu soube que bem próximo ao Pinguela Parque ainda há restos de ruínas de uma grande casa em cujo sub-solo havia uma senzala. Um morador da região conta que há vários anos levou até lá um detector de metais que indicou a presença de metal sob um compartimento estanque de pedra em um canto das ruínas. Escavando, encontraram uma panela muito grande e de boca para baixo, com um furo no fundo. Nada havia na panela. Contam também que a tal lenda do ouro no fundo da lagoa seria de propriedade do senhor da senzala que teria mandado buscar jóias em Osório, em canoa que naufragou.
http://www.embramic.com.br/pinguela/lendas/lendas.htm


UFO Portugal

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