sábado, 14 de novembro de 2009

A verdade por trás do “fim do mundo” em 2012

2012 está muito próximo: apesar do ano em si ainda vá demorar um pouco a chegar, o filme-catástrofe dirigido por Roland Emmerich (de “O dia depois de amanhã”), que mostra o fim da Terra será lançado amanhã no Brasil. O filme se passa em 2012, embora pudesse acontecer em qualquer outro, já que os eventos mostrados não têm relação direta com o ano, que simplesmente é o momento em que a Terra começa a liberar terremotos e “cuspir” fogo. Porém, o ano de 2012 é um gancho promocional enorme para o filme, já que vários meios já divulgaram que o calendário Maia prevê o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012.

Na verdade, a civilização Maia tem vários calendários, e acreditam que neste dia o mundo entrará em um novo ciclo – como o ano novo tradicional, o que não representa o fim do mundo como ele existe – e nenhum deles afirma que o mundo vai acabar em 2012. O que ocorre é que a mitologia Maia acredita que o mundo está na sua quarta “criação”. A última criação acabou em 12.19.19.17. 19, na linguagem de um de seus calendários, e esta seqüência irá se repetir no dia 20 de dezembro de 2012. Esta data será, entretanto, marcada pelo fim de um ciclo e o início de outro, para os Maias – e não o fim do mundo – , como o ano novo para a civilização ocidental.

O calendário de conta longa é apenas um entre os vários que os maias usavam. Assim como os nossos meses, anos e séculos, ele se estrutura em unidades de tempo cada vez maiores. Cada 20 dias formam um “mês”, ou uinal. Cada 18 uinals, 1 tun, ou “ano”, cada 20 tuns faziam um katun e assim sucessivamente. Enquanto o nosso sistema de contagem de séculos não leva a um fim, o calendário de conta longa maia dura cerca de 5.200 anos e se encerra na data 13.0.0.0.0, que para muitos estudiosos (não há um consenso a respeito) corresponde ao nosso 21/12/2012.

Isso não significa que eles esperassem pelo fim do mundo naquele dia. “Os povos ameríndios não tinham apenas uma concepção linear de tempo, que permitisse pensar num fim absoluto”, diz Eduardo Natalino dos Santos, professor de história da América Pré-hispânica da USP. “Em nenhum lugar se diz que o ciclo que estamos vivendo seria o último.” A maioria dos estudiosos acredita que, após chegar à data final, o calendário se reiniciaria. Assim como, para nós, o 31 de dezembro é sucedido pelo 1 de janeiro, para eles o dia 22/12/2012 corresponderia ao dia 0.0.0.0.1.

Infelizmente, a “profecia maia deturpada” já tomou uma grande proporção na internet pelo mundo todo, com milhões de adeptos acreditando firmemente em tudo que lêem à respeito, sem interessarem- se em investigar a fundo e, aí sim, educando-se e adquirindo conhecimento real. A fama do ano como o “fim do mundo” levou à publicação de vários livros de autores pintando um cenário catastrófico para o ano. Enquanto estes autores desenham o cenário do dia do juízo final, outros enxergam o ano como uma nova era de harmonia global — como dizia-se que iria acontecer em 1987.

O povo Maia mostrou irritação com a forma que a sua cultura foi colocada dentro da cultura pop e na promoção Hollywoodiana do filme – cujo pôster traz a frase “Os Maias nos avisaram”. John Major Jenkins, estudioso da cultura Maia e autor de “The 2012 Story” (“A história de 2012” , em tradução livre, sem edição em português), afirma que as afirmações sobre o suposto fim do mundo começaram a surgir quando a imprensa e livros passaram a afirmar isso, levando o assunto sobre 2012 em “direções estranhas”.

Mística atraente – Uma das questões levantadas pela escolha do calendário Maia para “anunciar” o fim do mundo é: por que este povo? Pessoas adeptas a práticas da New Age, que conta com espiritualidade e muitas superstições, abraçaram a cultura Maia porque ela se encaixa perfeitamente com as suas idéias da sabedoria da antiguidade. Adeptos da New Age acham que povos antigos como os Maias e os egípcios eram muito mais avançados do que se acredita – por isso, a idéia de que, de algum modo os Maias sabiam quando seria o fim do mundo é muito atraente.

Além da fama trazida pelo fim do mundo Maia , outras brincadeiras se tornaram famosas. Um delas afirma que um planeta chamado Nibiru – que não existe – teria sido descoberto pelos Sumérios e iria se chocar contra a Terra em 2012, causando enorme destruição e uma reversão dos pólos geomagnéticos do planeta. A NASA, agência estadunidense de exploração espacial, foi acusada de esconder a existência de Nibiru para prevenir o pânico da população mundial. Entre a harmonização de 1987, bug do milênio e fim do mundo em 2012, os fins do mundo vão passando e as teorias conspiratórias nunca acabam.
Fonte:Paulo Poian-Revista Ufo

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